terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Observador da Modernidade



Em meio a cidade, entre prédios de vidro, construções de concreto e ferro, estava ele ali, velho e cansado no número 202, nascido no século XIX. Sua beleza passava despercebida aos olhos das pessoas que viviam correndo ali, sempre apressadas e estressadas com o trânsito da grande metrópole. Umas se preocupavam com o risco que o motoboy deixou em seu importado, outras caminhavam cabisbaixas à procura de moedas no chão. Umas corriam para a importantíssima reunião, outras para a entrevista. Ele observava tudo e relembrava de como era no seu tempo.
Poucos carros circulavam por ali. Os que apareciam andavam lentamente, como se desfilassem pela rua a mostrar sua incrível parnafenalha. As mulheres com lindos vestidos rodados, acompanhavam suas crianças impecáveis à escola. Enquanto os homens com seus ternos de ombros estruturados e charmosas cartolas, iam ao trabalho.
Não que as pessoas hoje em dia são menos elegantes, mas antes pareciam aproveitar mais o tempo, caminhavam calmamente, ainda existia o almoço em família, o jantar, a conversa. Dormiam cedo para que o dia seguinte fosse proveitoso, alegre e menos cansativo. Hoje é muito raro alguém que consiga encontrar um tempo para si próprio, no meio do trabalho, estudos, casa, filhos. Um tempo para respirar fundo, pensar na vida, pôr em dia suas ideias e conseguir colocá-las em prática.
E assim a vida vai passando enquanto "alguém" como nosso caro velho 202 observa tudo, tentando entender o porque dessa evolução, que não se sabe se é para melhor ou não.
Algumas coisas sim tem que evoluir, a tecnologia, a medicina, tudo que faça o bem para a humanidade. Mas com esse vício de novidade, não pode-se deixar que as pessoas percam o contato, percam a amizade, o amor, no meio de toda correria do dia-a-dia. É preciso resgatar os princípios antigos para que não deixemos uma má impressão aos velhos do passado.

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